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terça-feira, 25 de dezembro de 2012

O guardador de carros apaixonado por natação



Seu João, 54 anos, era jardineiro há um ano arás. Desde então, trabalha como guardador de carros no estacionamento de uma academia. Apesar de gostar do trabalho, reclama que em dias quentes a guarita esquenta muito, fazendo com que ele tenha que ficar do lado de fora, na sombra. Fora isso, o emprego é satisfatório. “Até academia de graça eles me oferecem”, comenta sorrindo.
Falador, o homem dos olhos azuis claríssimos não dispensa uma boa conversa. Por ficar muito tempo sozinho na guarita, quando aparece alguém Seu João não perdoa:  começa logo a puxar papo. Já na hora de tirar a foto, escuto uma voz animada dizendo: “Tem que ter entrevista também, não tem?”. E não adianta, quando dou por mim, lá estou eu, após a entrevista, jogando conversa fora com o simpático guardador.
Nascido no interior do Paraná, o hobby preferido de Seu João é nadar. “Adoro nadar! Aprendi sozinho, nadando nos rios do interior”, conta, relembrando os velhos tempos. Comento que não sei quase nada de natação. Ele, então, me dá dicas para aprender sozinha: “Eu gostava muito de rio, mas não sabia nadar como os meus amigos. Um dia peguei  uns pedaços de tronco de mamona e amarrei um no outro. Subi  nos troncos e saí nadando, em cima deles. Isso longe dos meus amigos porque eu morria de vergonha! Depois de um tempo, entrei no rio sozinho, sem os troncos, e já estava nadando. No seu caso é só trocar os troncos por uma boia”, indica seu João.
Conversa vai, conversa vem, nem percebo que estou conversando com o guardador de carros há mais tempo do que o meu relógio permitia. Antes de ir embora, Seu João me lembra: “Quando souber nadar, volta aqui pra me falar se o que eu disse não funciona!”. E eu, claro, fico de voltar para relatar como foi meu aprendizado.
Taí, já tenho uma meta para as férias de fim de ano: tentar aprender a nadar à la Seu João. Quem sabe um dia eu também não consiga alcançar o feito do guardador de carros e dizer entusiasmada como ele: “sei nadar até de costas”.

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